Nós Umbandista não temos a crença que exista o céu ou o inferno e sim que existem campos espirituais, sejam eles positivos ou negativos (umbralinos). Também não acreditamos no “Diabo” e sim em espíritos negativos e vingativos, pois o inferno é você mesmo que origina na sua vida encarnado ou desencarnado.
A morte do corpo físico não é o fim da vida e sim o início de um novo ciclo do espírito, quer ele seja bom ou ruim, atuando de acordo com o que você plantou aqui na Terra e colhendo quando desencarna, podemos fazer a seguinte colocação: a esfera espiritual é condizente com seus atos emocionais acumulados durante a passagem do corpo físico.
Aqueles espíritos que têm que “pagar” ou responder pelos seus atos para sua evolução ficam presos nos campos dos umbrais, o qual é regido pelos Quiumbas, chefes de legiões do lado negativo - a escuridão infinita.
Muitos espíritos quando têm seu desencarne, levam um tempo para acordar e até mesmo assimilar ou aceitar o que aconteceu, geralmente os espíritos negativos não aceitam ajuda espiritual das grandes forças da luz e acabam indo para o lado escuro. Já os espíritos que seguem o caminho da luz são levados para “hospitais espirituais” nos quais são tratados até que não tenham mais resquícios da sua vida encarnada, pois quando o espírito traz essas lembranças pode ficar preso no campo estrutural da matéria, vivendo como se ainda estivesse encarnado.
Cada terreiro de Umbanda possui o seu hospital espiritual, seja ele revelado ou não para o dirigente (Pai de Santo) da casa. Esses hospitais são os que recebem os espíritos quando são encaminhados pelos Guias espirituais.
Alguns dizem que quando desencarnam vão para Aruanda.
É um conceito muito presente nos terreiros de Umbanda em todo Brasil, é uma espécie de paraíso espiritual entendido como uma cidadela espiritual, a ionosfera do planeta Terra.
O termo Aruanda pode apresentar diversos significados dependendo do terreiro e da visão de cada dirigente, todas devem ser respeitadas.
Para nós que seguimos a Umbanda tradicional de Zélio de Moraes fundada em 1908 pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, os habitantes de Aruanda são espíritos trabalhadores do bem, da caridade e do amor, sendo eles espíritos de luz que há muito não retornam à esfera física pela reencarnação.
Estes Guias espirituais, apesar de sua evolução permanecem na dimensão vibratória de Aruanda para continuar auxiliando os encarnados e desencarnados, manifestando-se na Terra sob a roupagem fluídica (em tipologia espiritual) de Pretos Velhos, Caboclos e Crianças. Suas verdadeiras formas no entanto transcendem raça, credo ou etnia, sendo possível sua manifestação em qualquer congregação que admita a comunicação com o espiritual e tenha por base o tripé de amor, caridade e humildade.
Na Umbanda existe o ritual fúnebre, podendo variar de um terreiro para outro, mas o objetivo é o mesmo, purificar o espírito e desprendê-lo do corpo para que sua passagem aconteça de forma tranquila e em paz.
Nós umbandistas acreditamos na reencarnação com o mesmo significado do Espiritismo de Allan Kardec, como um retorno do espírito à verdadeira pátria.
Sim podemos, na verdade deveríamos ser porque a cremação é onde se purifica o corpo não ficando resquícios na Terra, pois seu verdadeiro ser: o espírito, não mais habita aquele corpo de carne.
A cremação é um dos processos mais antigos praticados pelo homem. Em algumas sociedades este costume era considerado corriqueiro e fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida prática e higiênica. Alguns povos utilizavam a cremação para rituais fúnebres: os gregos, por exemplo, cremavam seus cadáveres por volta de 1.000 A.C. e os romanos, seguindo a mesma lista de tradição, adotaram a prática por volta do ano 750 A.C. Nessas civilizações, como a cremação era considerada um destino nobre aos mortos, o sepultamento por inumação ou entumulamento era reservado aos criminosos, assassinos, suicidas e aos fulminados por raios (considerada até então uma "maldição" de Júpiter). As crianças falecidas mesmo antes de nascerem os dentes também eram enterradas.
Os elementos usados em sua vida na Umbanda como suas guias, roupas de trabalho e dos guias espirituais, devem ser despachados pelo Pai/Mãe de Santo em locais apropriados.
Se a pessoa ou o Guia espiritual passou alguns pertences em vida, esses podem ser guardados de lembrança.
Deve-se fechar o Terreiro por no mínimo 7 dias, depende do cargo que a pessoa exerce no terreiro, após esse período é quando se despacham os pertences de quem faleceu, por exemplo o Amaci. É um momento muito triste, com dor pela perda, porém sem revolta, lembrando que o espírito é imortal, e assim como nosso Criador Olorum (Deus), nunca tivemos início e nunca teremos fim. E nos reencontraremos na pátria espiritual, ou em alguma outra reencarnação.
A resposta é não!
Como assim, não?
Isso mesmo, não, porque Deus é o ser mais puro e incriável que existe no Universo, nós umbandistas entendemos que se tivermos o privilégio de chegar a presença de Deus, Ele nos acolherá com todos os nossos “pecados”, uma vez que Ele é puro e nós somos seus filhos, e um pai não puni seus filhos apenas oferece o caminho do aprendizado, assim como temos na terra.
Já pensou chegar na frente de Deus e ele falar que você cometeu erros, então significa que irá para o “inferno”! Ele seria julgador e Deus não julga, Ele acolhe.
Sabemos que Deus está em nós, carregamos cada partícula dele, essas partículas de Deus são os Orixás que habitam a Terra e nosso corpo.
Sempre dou a seguinte explicação quando questionado pelo assunto: Deus criou uma escada e vamos subindo de acordo com nosso aprendizado, isso tanto na terra, quanto na espiritualidade, para quando chegarmos já estejamos puros, assim como ele nos colocou aqui na Terra.
O que temos que entender e compreender é que estamos nesse planeta para aprender e temos que ter a humildade para esse aprendizado, iniciando pelo respeito ao próximo. Nossas verdades são apenas nossas e de quem nelas acreditam, não impomos perante uma sociedade, uma vez que somos diferentes e pensamos de modo distinto, mas numa coisa somos iguais, somos todos filhos de Deus, acredite ou não!
Axé nos corações de todos vocês!
Pai Márcio Paxá